quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil - parte 2

No primeiro texto acerca do Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil compartilhei por aqui alguns aspectos da vinda dos negros africanos para o Brasil que foram escravizados pela colônia portuguesa.

Vimos que os negros africanos foram escravizados, afastados de seus conhecidos e familiares que também vieram juntos, tiveram sua cultura demonizada para perder sua identidade como unidade e apesar disto, ainda sim, tornaram-se parte da cultura brasileira escrevendo sua história.

Hoje em dia já possuímos políticas públicas de reparação destes danos e tentamos pagar esta dívida histórica mas nem sempre isto tem se mostrado suficiente. Esta frágil democracia é muito mais teórica que prática. Nossa Constituição Federal já indica punição para casos de racismo, mas pouco acontece na prática e quase nada impede novas situações.

Sociólogos já constaram que quando alguém comete um crime, esta pessoa tende a "clarear" sua pele diante da justiça para obter uma pena menor. Não é difícil notar que os brancos ainda vivem em situação melhor que os negros: chegam a maiores níveis educacionais, são maioria dentre os mais bem remunerados, réus negros tendem a sofrer maior perseguição, dentre outras coisas que não é uma suposta doutrinação que indica, são fatos que podemos observar facilmente no nosso dia a dia.

O conceito de Negritude é aliado a uma ideia de movimento social que pretendeu romper com o padrão europeu imposto por nossos "colonizadores". O Movimento Negro sempre pretendeu a busca da valorização da cultura negra e respeito por ser quem é. Muitas vezes entrou em contradição com seus aliados, mas uma coisa é certa: É unânime o não querer voltar a um estado de alienação (escravidão).

Outro consenso dentro dos Estudos das Relações Étnico Raciais no Brasil é o silenciamento do Índio e do Negro na época da colonização. A escravidão poderia ter ocorrido com outros grupos étnicos e até nos dias de hoje ainda ocorre (de outras maneiras, com outras pessoas), mas daí negar sua existência é muita má fé. Existem grupos reacionários agindo online que tentam deslegitimar o Movimento Negro como se este fosse inútil, mas isto é um bom exemplo do que o racismo e a escravidão deixou como legado. O racismo e a escravidão do negro africano deixou uma cicatriz tão profunda em nossa cultura que muitos negros não se identificam com o movimento negro, acreditam que denúncias de racismo é "frescura" e que qualquer ofensa é vitimização por parte de seus semelhantes, logo, nem todos vivem esse conceito de Negritude.

Pode-se entender como início dessa tomada de consciência por parte dos escravizados a ação de Zumbi no Quilombo dos Palmares. Este incentivou os escravizados a fugirem de seus senhores para assim tornarem-se donos de si mesmo. Este comportamento de fato foi revolucionário e por conta disto a data de 20 de novembro (morte de Zumbi) foi escolhida para celebrar o Dia da Consciência Negra. Poderia ter, por exemplo, sido escolhido a data de 13 de maio (Lei Áurea/ Dia da Abolição da Escravidão) mas isto pouco significou na época, eis que a abolição não criou medidas de inserção do negro no mercado de trabalho formal, escolas, universidades, por exemplo.


O próximo texto vai falar sobre costumes e cultura africana, não percam!! Siga o Blog pra acompanhar de perto das atualizações. Um abraço, Thainá Santos.

>>> Veja aqui a terceira parte desta leitura

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